Roger Machado é homenageado no Sul por luta contra o racismo



O técnico do Bahia, Roger Machado, recebeu nesta sexta-feira a Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A iniciativa, do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), contou com a aprovação unânime da Mesa Diretora. Nascido em Porto Alegre, o ex-jogador, de 45 anos, vem se notabilizando pela luta contra o racismo no Brasil.

Em um discurso forte, Roger expôs as raízes do preconceito enfrentado pelos jogadores negros no futebol brasileiro. Ele adverte que o Brasil passa uma falsa impressão de democracia racial porque nunca editou leis segregacionistas, como nos Estados Unidos e na África do Sul.
“O Brasil fez pior: adotou um modelo que nos torna invisíveis. Um país construído com uma mão de obra escravizada não pode ser considerado uma democracia. A democracia racial no Brasil é um mito. E o Brasil precisa parar de negar a existência do racismo se quiser, de fato, uma nação igualitária e democrática”, disse.
Roger Machado afirmou ainda que sempre encarou o “futebol como um meio e nunca como um fim”. “Chutar a bola para dentro da rede é só uma parte. A outra é política, como a arte de dialogar”, resumiu. Em outubro, o treinador concedeu entrevista em que falou abertamente sobre sua visão do racismo no Brasil.
Aplaudido por lideranças políticas e sociais durante o evento, realizado na Assembleia Legislativa, o técnico do Bahia reforçou que a reflexão racial deve ser permanente, uma vez que mais de 50% da população é negra no País. “Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que 70% da população carcerária é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros?”, questionou.
O proponente da homenagem, deputado Valdeci Oliveira, afirmou que a maior honraria do Legislativo foi dada ao treinador em função do trabalho realizado por ele dentro e fora das quatro linhas. “Não é só por causa do desempenho e das conquistas no meio esportivo, mas por fazer boa parte da sociedade brasileira refletir sobre o tamanho do racismo no Brasil e sobre o quanto estamos atrasados para nos livrar dessa mazela”, destacou.

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